Entrevista ao treinador da seleção de Sub-14 Feminina, Hélder Silva que recentemente participou na Festa do Basquetebol Juvenil em Albufeira
1.Como caraterizas o ambiente que se vive na Festa do Basquetebol Juvenil?
O ambiente vivido em Albufeira é algo de fantástico para quem ama este desporto, quer sejam atletas, pais, técnicos, dirigentes ou simples adeptos do basquetebol. Durante 5 dias todo o ambiente dentro e fora dos pavilhões é altamente contagiante, fazendo com que não demos por perdidos todos os momentos que dedicamos ao basquetebol e aos jovens atletas.
2. Como foi em termos competitivos o desempenho das Sub-14?
Era uma incógnita o desempenho que este grupo poderia efetuar. Neste escalão existem poucas referências das outras selecções, pois estamos no início do processo competitivo e as gerações são muito diferentes de ano para ano. O que foi tentado na nossa seleção foi detetar as atletas mais aptas e formar a equipa com atletas que nos pudessem colocar em campo um ritmo e intensidade elevada, em especial na defesa. Face à juventude da equipa, com 5 atletas de 99 (1ºano), termos garantido a permanência na 1ª divisão e disputar as meias-finais foi um bom prémio. No entanto, pessoalmente, considero que a nossa selecção merecia o pódio, por ser seguramente superior a Setúbal, mas há jogos e jogos.
3. Como analisa o nível das gerações/equipas presentes nas Festas, a nível nacional e em Aveiro?
O nível das seleções presentes nas Festas poderá ser separado em vários patamares. Um, mais elevado, seguramente composto pelo Porto, com atletas que competem já no Nacional de Sub-16 e com um grupo bem alargado, um patamar seguinte encabeçado por Lisboa, com uma geração menos alta do que o usual, mas mais disponível, seguindo Aveiro, Setúbal, Coimbra e Algarve, com equipas muito jovens (1999 e 2000) que poderão encurtar distâncias. Das selecções mais abaixo na classificação, estou curioso pelo desempenho futuro de Leiria e Santarém, com equipas muito lutadoras e de futuro.
4. Quais as diferenças entre o trabalho realizado nas seleções e no clube?
O trabalho realizado nas seleções terá forçosamente que ser a continuidade do trabalho dos clubes. Infelizmente encontrámos situações em que os conceitos básicos da modalidade tiveram de ser abordados, eliminando tempo para trabalhar as rotinas da seleção. É importante haver mais concentrações da seleção durante o ano, não só para treinar mais, mas para alargar a base de recrutamento, implementando o espirito de seleção, dando frutos seguramente no futuro. Seria também importante que os clubes trabalham um modelo de jogo próximo do da seleção, de forma a conseguirmos ter uma identificação de processos.
5. Diferenças entre a competição nas festas e a competição no clube?
A competição é completamente distinta. Se juntarmos o cansaço da viagem à excitação natural que provoca nos jovens a presença no evento, temos a acrescentar o ritmo elevado de jogos, 6 em 3 dias, com elevada carga física e emocional, em que um jogo menos conseguido poderá comprometer todo o campeonato. A gestão do grupo é completamente diferente, pois as lesões vão-se acumulando, sem hipótese de substituir elementos, e com tempos de jogo mais curtos e exclusões de faltas logo à 4ª, tornando-se importante a nossa intervenção junto dos atletas para manter sempre a equipa equilibrada e pronta a dar a melhor resposta. É seguramente um evento, em que estas miúdas tiveram um contacto mais assertivo e virado para o resultado, portanto uma vertente mais competitiva da sua formação.
6. Que conselhos podem ser dados aos atletas que ambicionam chegar às seleções?
O perfil do atleta de seleção deve ser bem definido e os atletas devem entender isso como um factor de motivação extra no seu trabalho diário. Devem entender que nada é oferecido, tudo é conquistado diariamente nos treinos nos clubes. Serem abnegados, empenhados, ouvirem os seus treinadores, aperfeiçoar o que mais gostam de fazer e empenharem-se duplamente no que menos gostam. Quem está presente na seleção deve ter uma responsabilidade acrescida, pois representa-se a si e todos aqueles que não conseguiram lá chegar. Acima de tudo, deve ter objetivos pessoais em conquistar sempre algo pelo trabalho.
7. Como se sentes e o que representa fazer parte da equipa técnica da ABA?
Foi um orgulho enorme, ao fim de 5 anos em Aveiro, ter me sido dada a oportunidade de fazer parte da equipa técnica da ABA. Seguramente a associação mais forte em Portugal, pelos resultados conseguidos nas 6 Festas e onde o trabalho é sempre virado para a excelência. Tenho a consciência que a responsabilidade aumentou, inclusive no trabalho que efetuo no clube. Mas, tal como acontece com os atletas, como treinador tento aprender todos os dias para com empenho e dedicação poder fazer com que quem trabalha comigo se sinta feliz e consiga alcançar melhores desempenhos como atleta, com reflexo natural na equipa. Ambição e dedicação são os termos que estarão sempre presentes na minha forma de estar e em todas aquelas que estiveram, estão ou estarão comigo.
Labels: Entrevista, Selecções
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