A Capitã do Galitos, Mariana Oliveira,
em entrevista ao desportoaveiro
«Se ficar em Aveiro, fico no Galitos»
Chama-se Mariana Bonito, tem 23 anos, joga a base/extremo e foi umas interpretes da subida do Clube dos Galitos à Liga feminina de basquetebol.
Quando e como é que entraste para o basquetebol?
- Comecei a jogar basquetebol no meu 6º ano, no Desporto Escolar, mais concretamente na Escola Básica do 2.º e do 3.º Ciclos de São Bernardo. No ano seguinte, tinha eu 12 anos, o nosso treinador e professor de Educação Física, convidou-nos a formar uma equipa no Clube dos Galitos que na altura não tinha escalões de formação femininos. Aceitámos o desafio e, desde então, o clube voltou a apostar nas equipas femininas.
Porque é que, até aqui, optaste por nunca sair do Galitos?
- Os estudos são e sempre foram a minha prioridade e o facto de morar a cinco minutos do pavilhão, foi um dos principais motivos. A partir do momento em que a minha ambição não passava por praticar basquetebol como profissional, e no Galitos sempre me foram oferecidas as melhores condições, nunca senti necessidade de mudar de clube. Outro aspecto a destacar é o ambiente vivido no clube, não só entre os atletas de praticamente todos os escalões – o que acontece não só de forma natural, mas também porque o clube fomenta esta partilha – bem como com os treinadores e com os directores. Quando cheguei a sénior tive os primeiros convites para integrar equipas da Liga, no entanto, optei por ficar no clube onde sempre joguei, com o objectivo de alcançar o patamar mais alto do basquetebol feminino português no clube que me formou.
Este ano o Galitos já conseguiu subir à Liga. Qual foi o «segredo» do sucesso?
- Este processo teve início na época passada, sendo que foi um ano de muitas adaptações, que nos permitiu conhecer umas às outras, bem como o método de trabalho do treinador. Este ano tivemos algumas baixas e algumas entradas de jogadoras de outros clubes e de atletas sub19 do Galitos que se integraram facilmente no nosso plantel. Estamos bem cientes de que todas temos o nosso papel, pelo que todas somos importantes para este sucesso. Somos uma equipa que alia a experiência à irreverência e, no meu ver, a união é o ponto chave no nosso grupo de trabalho. Esta subida numa fase prematura do campeonato deve-se, em parte, à nossa mentalidade, de pensar jogo a jogo, o que nos permitiu estar mais serenas nas alturas decisivas.
Ainda que esta época ainda não tenha chegado ao fim, já sabes se vais ficar no Galitos na próxima época?
- Não consigo dar uma resposta com 100% de certezas, uma vez que estou a terminar o Mestrado e posso, eventualmente, ter uma oferta profissional que não me permita continuar em Aveiro. No entanto, se permanecer nesta cidade não tenho dúvidas de que continuarei no Galitos.
O que poderá fazer o Galitos na Liga feminina?
- Tal como referido na pergunta anterior, esta época ainda não terminou e, assim sendo, ainda pensei muito sobre o ano seguinte. Ainda assim, penso que, inicialmente, o nosso objectivo vai passar pela manutenção. Vai ser um ano de muitas adaptações e, tal como fizemos até aqui, vamos procurar dar o nosso melhor numa nova realidade.
Em termos individuais, como é que te defines como jogadora?
- Se me perguntarem se prefiro defender ou atacar, a minha resposta é “defender”. Claro que estaria a mentir se dissesse que não sou feliz quando marco pontos, mas, sinceramente, dá-me mais prazer saber que consegui ajudar a minha equipa ao condicionar uma jogadora adversária. Esta minha perspectiva advém do princípio com o qual sempre concordei: “O ataque ganha jogos, a defesa ganha campeonatos”.
Tens alguma atleta em Portugal que seja para ti uma referência?
- Admiro várias jogadoras, por exemplo, a Maria Cristo, que foi muito importante desde que comecei a praticar esta modalidade, como minha treinadora adjunta e, mais tarde, como colega de equipa, bem como a Daniela Domingues, com quem tenho o prazer de dividir balneário e a Ana Ipinoza, colega de equipa nos campeonatos universitários, Admioro-as por serem das melhores jogadoras deste país, mas essencialmente, pela sua humildade dentro e fora de campo. Contudo, há um nome que não me sai da cabeça: Raquel Soares. Actualmente já não joga, mas já brilhou em muitos campos. A Raquel representa, para mim, muito mais do que uma atleta e uma vez que acredito que este desporto não nos permite crescer apenas como atletas, mas sobretudo como pessoas, não podia deixar de a referir, pois teve um papel crucial no meu crescimento. Sempre com as palavras certas na altura certa. Fomos colegas de equipa durante três anos, sendo que a sua determinação é uma das suas características principais que sempre admirei. Ainda hoje é à Raquel que recorro nos momentos de mais nervosismo.
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